Quando pensamos em sustentabilidade no mundo corporativo temos que levar em conta que a sustentabilidade emocional dos colaboradores deve ser a prioridade.
É conhecida a idéia de que há uma relação íntima entre a harmonia familiar e a harmonia nas relações laborais.
Quem pode pensar em eficiência quando se tem um problema em casa?
A família é o centro, o elo de sentido da vida, na qual resgatamos nossas energias para nos sentirmos inteiros na execução de nossos trabalhos.
Uma das principais dificuldades da vida moderna é conciliar a vida familiar com o trabalho. Como construir uma carreira e ao mesmo tempo criar os filhos?
É comum o sentimento de culpa dos pais por não poderem estar presente em muitos momentos na vida dos filhos.
Essa é uma questão que parece recorrente e indissolúvel para uma grande parte das famílias atualmente. E pode ser a raiz para conflitos ainda mais profundos no ambiente corporativo que, se não encarado com maturidade, pode ser tornar uma bola de neve prejudicando o trabalho de todos.
Será que a QUANTIDADE de tempo que passamos com nossos filhos é determinante?
Podemos começar por uma nova perspectiva: qual é a QUALIDADE de sua relação com seu filho no pouco tempo que passam juntos?
Pensando nisso a psicóloga Cecília Russo Troiano autora do livro “Aprendiz de Equilibrista” (Como ensinar os filhos a conciliar família e carreira), concluiu recentemente uma pesquisa que dá outra leitura ao assunto.
No seu segundo livro “Vida de Equilibrista” (Dores e delicias da mãe que trabalha) a psicóloga apresenta o resultado de sua pesquisa com 500 crianças e jovens e chegou à seguinte conclusão:
As crianças se adaptam e constroem seu ideal de felicidade dentro da realidade que lhes é apresentada. Para a criança não importaria tanto o tempo ou se os pais trabalham fora e, sim, se essa situação é bem resolvida.
Não se pode abandonar, mas o excesso de tempo com o filho também é prejudicial. Faz parte da educação o estabelecimento de um espaço individual.
Se o assunto é tratado sem culpa e tabu, claramente, as crianças entendem que o trabalho é importante, não só para ganhar dinheiro, mas, também é uma oportunidade de apresentar aos filhos valores intangíveis como o valor da realização e da independência.
O fruto do trabalho deve ser compartilhado com os filhos com prazer e espontaneidade. Sucessos e fracassos. Acertos erros.
Dessa forma, naturalmente se entende que o trabalho é uma fonte de energia e recurso fundamental para a manutenção familiar.
A pesquisa não exime de forma alguma a responsabilidade da empresa pela saúde familiar de seus colaboradores.
O suporte das organizações nesse quesito pode ser também pensado nos mesmos termos do binômio QUANTIDADE e QUALIDADE.
Sabemos que quantidade de tempo no trabalho não necessariamente representa qualidade e eficiência nos resultados.
Muitas empresas nos países chamados desenvolvidos já incorporaram em sua cultura a prática de parte do trabalho ser realizado em casa com resultados que surpreendem positivamente.
Uma cultura corporativa madura delega e confia na responsabilidade dos colaboradores e preza por sua independência.
Assim como no caso dos filhos, o controle e a presença em excesso é prejudicial.
As corporações devem ser vistas, e devem se ver também, como parte importante da vida em comunidade, procurando ser um fator positivo na vida das pessoas.
É responsabilidade de toda organização que advoga a sustentabilidade como valor, mostrar de forma clara o quanto preza pela saúde emocional de seus colaboradores. Ações concretas de incentivo a essa qualidade deve estar no plano estratégico.
Essa abordagem pode transformar uma relação conflitiva que pode haver entre empresa e família em uma relação de complementaridade.
Os filhos dos equilibristas (e futuros equilibristas) agradecem!
Para quem tiver interesse segue a sugestão dos livros da psicóloga Cecília Russo Troiano: “O Aprendiz de Equilibrista” pela Editora Évora e o “Vida de Equilibrista” pela Editora Cultrix, ambos lançados em 2011.