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Gerenciar emoções traz, essencialmente, liberdade. Libertar-se de pensamentos e comportamentos que interferem no desenvolvimento pleno de nosso potencial

Nos últimos anos, a neurociência foi a fundo no estudo de práticas de meditação seculares (isto é, não relacionadas à religião) para descobrir seus efeitos no cérebro. A hipótese básica das pesquisas era: se praticantes assíduos de meditação demonstram com mais frequência atitudes relacionadas à inteligência emocional – isto é, gerenciamento saudável de emoções negativas –, é possível que essa prática esteja mudando seus cérebros em nível funcional e estrutural? Ou seja, somos capazes de sermos co-criadores (note como isto é interessante!) de caminhos para nossos pensamentos e sentimentos?

Pesquisadores do Reino Unido chegaram a estudar, usando técnicas de eletroencefalograma e ressonância magnética, o cérebro em meditação ao vivo de meditadores experientes, entre eles o monge budista francês Matthieu Ricard, que também é doutor em biologia molecular e entusiasta dos estudos sobre os efeitos cerebrais das práticas meditativas.  Foi mapeada atividade intensa e muito poderosa nas áreas do cérebro relacionadas a emoções positivas. Isso ocorre porque a meditação funciona como uma espécie de treino para aprendermos a reconhecer, nas palavras do próprio Ricard, “pensamentos que escravizam: obsessões, raiva, ciúmes, arrogância”. Reconhecendo esses pensamentos e seus fluxos, podemos ser capazes de mudar seus caminhos, refazendo-os.

Interessante pontuar como a neurociência vem comprovando as teorias freudianas sobre a origem da melancolia em sentimentos de culpa e emoções de raiva – estudos atuais que detectam imagens do cérebro de pessoas com depressão encontram ativação em áreas associadas à percepção do medo e a reações de raiva. As técnicas de psicanálise fundamentam-se justamente no potencial da fala – da expressão livre de ideias e de sentimentos – para ressignificar experiências, memórias, sobre as quais foram construídos caminhos fixos (ou padrões) de pensamento contraproducentes e negativos.

Seja a meditação secular, a psicanálise, programas sérios de coaching, as psicoterapias mais convencionais, todas essas abordagens apostam na ideia – que tem fortes evidências neurocientíficas – de que é possível remodelar a conjuntura cerebral que sustenta nossos pensamentos, que propicie que elaboremos racionalmente nossas emoções. Gerenciar emoções traz, essencialmente, liberdade. Libertar-se de pensamentos e comportamentos que interferem no desenvolvimento pleno de nosso potencial.

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