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“Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil; em vez de um milhão, conte meia dúzia… Simplifique, simplifique.” (Henry Thoreau)

Simplicidade é o valor que se mostra cada vez mais necessário no universo das organizações.

Mas será que é fácil chegar à simplicidade?

Clarice Lispector pode nos ajudar com sua reflexão:

“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”

A escultura é a arte ideal para ilustrar o valor do simples. Enquanto a pintura é feita através de adição de tintas em uma tela, a escultura chega a sua forma final pela subtração de materiais.

O valor está mais no que se retira do que no que se acrescenta.

Observem a fotografia que ilustra este texto. Trata-se da escultura “O Beijo” do mestre francês Rodin.

Auguste Rodin, um dos grandes gênios dessa arte, é conhecido pela impressionante perfeição e vivacidade de suas obras.

A forma final que nos invade os olhos é harmônica e aparentemente simples como a própria natureza.

Dois corpos unidos por uma áurea que nos inspira uma diversidade de sentimentos agradáveis relacionados à experiência do amor e do prazer.

Mas esse prazer que essas formas simples nos proporcionam só é alcançado com muito trabalho.

Um escultor burila o mármore e em uma relação corporal com a matéria fere as mãos pelo trabalho repetitivo e intenso.

Retira os excessos, as imprecisões, e à medida que retira matéria, as formas vão surgindo: uma mão, o semblante de um rosto feminino, etc.

A obra de arte se define e fica cada vez mais natural, mais viva.

A recompensa pelo trabalho: a beleza e a simplicidade.

Esse processo aplicado à vida das organizações nos tem muito a ensinar.

O mundo contemporâneo pode se definir entre outras coisas pelo seu excesso. Excesso de materiais e de escolhas, excesso de informações.

É cada vez mais difícil ter uma visão unificada sobre as coisas e há uma tendência a se complicar ainda mais os processos, de adicionar cada vez mais tintas.

O que nos falta é a arte de esculpir o simples. Esculpir o simples é uma busca incessante pela essência.

Entramos em contato com o essencial exercitando a sensibilidade. Dando-se conta dos nossos processos, nossas atitudes, ponderando, escutando o outro e se auto-modificando a cada dia.

Retirar os excessos para poder ver o outro e saber que nós todos nos parecemos muito: Todos usamos máscaras para esconder nossos medos.

Dentro de uma organização há uma diversidade de cargos, hierarquias, posições. Uma série de rótulos que podem nos dividir e nos segmentar se não exercitamos o autoconhecimento.

Esses rótulos são casulos, máscaras, carapaças, excesso de material que nos alienam de nossa essência humana.

ESCULPIR O SIMPLES É RETIRAR O EXCESSO E REVELAR-SE A SI MESMO.

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