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O que sabemos sobre os vínculos humanos? Que importância têm em nossas vidas? Existe vida psíquica sem vínculos?

A ciência vem pesquisando esse tema há algum tempo e já descobriu que a cultura humana reproduz, de alguma forma, as estruturas biológicas (humanas e não humanas) e que sem esses vínculos tendemos a morrer.

As conexões estabelecidas entre as bactérias, por exemplo, reproduzem a estrutura da nossa vida em sociedade. Somos muito parecidos com as amebas, vírus e micróbios: a gente evolui no contato com o outro. A cultura humana, em si, reproduz as leis biológicas, que se utilizam do vínculo simbiótico, que se baseia na troca e na inter-relação. E uma importante questão surge aí: Se o vínculo humano é uma reprodução da estrutura biológica, estamos vivendo sem a consciência dessa relação?

Pesquisas recentes comprovam que um bom copo de iogurte, cheio de lactobacilos, pode ser muito benéfico para a nossa saúde mental e ansiedade.

Por mais estranho que isso possa parecer, há pesquisadores de todas as partes do mundo empenhados em entender melhor a importância do equilíbrio do sistema digestivo e como ele pode interferir nos pensamentos, no comportamento, nas emoções, na concentração, nas funções cognitivas e até no caráter do indivíduo.

O intestino humano vem sendo visto como o nosso segundo cérebro, pois nele encontramos meio bilhão de neurônios e mais de 30 neurotransmissores (incluindo 50% de toda a dopamina e 90% da serotonina presentes no organismo), formando o que conhecemos como Sistema Nervoso Entérico (SNE). Esse exército de neurônios transita por todo o abdômen (de 6 a 9 metros de percurso) e trabalha em conjunto com trilhões de bactérias, que são extremamente necessárias para que essa estrutura opere na sua totalidade. Os dois times trabalham em sintonia e participam de funções essenciais do corpo: extrair energia dos alimentos e manter o equilíbrio geral, em conexão com o cérebro de cima.

Existe vida psíquica sem vínculos?

Segundo um estudo publicado pelo Weizmann Institute of Science (Israel), um homem de 1,70 m e 70 kg possui aproximadamente 30 trilhões de células humanas e 39 trilhões de bactérias, ou seja, as células não humanas prevalecem em nosso organismo.

Uma alimentação rica em gordura, por exemplo, resulta no aumento das bactérias ruins e no extermínio de espécimes benéficas. Estresse fora de controle e uso excessivo de antibióticos também promovem esse desequilíbrio. 

A saúde do sistema digestivo vem se revelando de vital importância para a manutenção do corpo saudável. Em contrapartida, seu desequilíbrio vem sendo relacionado a várias doenças, ao aumento de distúrbios psíquicos e dos níveis de obesidade, bem como oscilações na qualidade do sono. Da mesma forma, novos tratamentos de doenças mentais e do sistema imunológico vêm se relacionando à saúde intestinal.

O neurocientista brasileiro Gilliard Lach, da Universidade de Cork (Irlanda), que participou de pesquisas em ratos, que consumiram iogurtes com bactérias da espécie Lactobacillus rhamnosus (existem mais de 300 espécies), nos explica que “a microbiota [população de micro-organismos que vivem majoritariamente no sistema digestivo] pode se comunicar com o cérebro (…) Talvez, no futuro, os antidepressivos possam ser comprados no supermercado, na forma de iogurte”.

Tanto alterações de ansiedade (o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde) quanto do humor e do foco também podem estar relacionados com seu aparelho digestivo. Pesquisadores da Universidade McMaster (Canadá) descobriram que ratos com maiores níveis de bactérias lactobacillus e bifidobacterium são menos ansiosos. Estudos da Universidade de Oxford comprovaram o mesmo em humanos, relacionando respostas mais otimistas e menos sinais de ansiedade e estresse nos grupos que apresentavam as mesmas bactérias.

A partir do momento que entendermos o nosso vínculo natural com as bactérias, ficará mais fácil criarmos pontes de ampliação da nossa consciência como seres humanos, ligados biologicamente com todos os outros que compõem o Universo e nos mantêm vivos.

E propomos mais um tema para sua reflexão: Como você tem criado vínculos com os outros seres humanos que também compõem esse planeta e se ligam a você de alguma forma?

Fontes: G1, BBC News Brasil, revistas Superinteressante e Saúde

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