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Existem bloqueios mentais que nos fazem relativizar nossos próprios comportamentos e nos impedem de empreender mudanças produtivas sobre nossos modos de pensar e de agir. Paradoxalmente, esses mesmos bloqueios nos tornam mais rígidos quando os erros são cometidos por outras pessoas

Vamos descrever duas situações comuns no universo corporativo:

  • O gestor de uma equipe dirige-se de forma excessivamente ríspida a seus subordinados em um dia em que se sente sobrecarregado. Ele descarta a possibilidade de um mea-culpa por acreditar ser desnecessário.

 

  • Um colaborador recebe uma crítica por um erro evidente em um projeto que elaborou. No entanto, ele insiste que não há erro ou, ainda, tenta se desvencilhar da responsabilidade de todas as maneiras, atribuindo o erro a outro colaborador ou afirmando que foi mal orientado.

 

Em comum, essas situações descrevem diferentes instâncias da dificuldade em assumir erros. A psicóloga Karina Schumann, da Universidade de Pittsburgh, especialista em mediação de conflitos, identificou em suas pesquisas algumas das principais razões pelas quais as pessoas não assumem que erraram. Vamos explorar aqui duas delas:

  • Foco nas próprias emoções e desconsideração do contexto geral

Esse padrão de comportamento pode ser desastroso em pessoas que desempenham cargos de gestão. Em suas pesquisas, Schumann verificou que esse modo de pensar e agir está relacionado a traços de personalidade característicos do narcisismo, como o autocentramento. A pessoa tem a crença de que seus atos justificam-se por suas necessidades e emoções individuais. Um exemplo é o gestor que age de forma incompreensível com seus subordinados e não considera importante ter coerência em suas ações, agindo de acordo com seu humor do momento. Pessoas com esse padrão de comportamento dificilmente assumirão um erro, a não ser que isso represente um benefício claro para seu ego. Um dos efeitos do autocentramento é acreditar que as próprias emoções e sentimentos validam o mundo ao redor – essas pessoas não ajustam suas ações às circunstâncias; na verdade, moldam suas ações de acordo com o que pensam e sentem, o que resulta numa percepção distorcida da realidade e, invariavelmente, em interações vazias e improdutivas com as outras pessoas. Para os autocentrados, todas as suas atitudes estão justificadas por si só.  No entanto, em contraste com a autoindulgência que dispensam para si mesmos, são extremamente críticos quanto aos comportamentos alheios, exímios em apontar os erros dos outros.

  •  Acreditar que assumir erros prejudica a autoimagem

Este padrão é muito comum, principalmente em pessoas com problemas de autoestima e inseguras. Elas acreditam que assumir um erro afetaria sua autoimagem e a percepção que as outras pessoas têm delas. Tendem, assim, a ter comportamentos improdutivos no contexto corporativo, como apontar culpados ou desfiar um sem número de justificativas, de maneira a encontrar qualquer argumento para o erro, desde que não seja sua auto-responsabilidade. Esse tipo de crença costuma ter origem em experiências de rejeição que ocorrem na infância, quando se aprende a malfadada “estratégia” de atribuir a culpa a outro ou a uma situação para evitar “perder” o amor da mãe ou pai por contrariar suas expectativas de perfeição. A dificuldade em assumir erros é, muitas vezes, uma pista importante de traços de perfeccionismo, o que, por sua vez, indica estagnação diante de desafios e dificuldades em se empenhar em projetos que envolvem riscos.

E você, conseguiu refletir um pouco com base nos padrões que descrevemos? Conte nos comentários!

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