Emoções negativas sobrecarregam o cérebro, contagiando os pensamentos e percepções que temos sobre as pessoas, e mostramos isso com palavras e ações. É como se houvesse uma cortina cinza sobre a mente, que faz sombra em todos os aspectos da vida
Como se ficássemos habituados com o que há de pior e esperássemos por isso.
Veja se você já vivenciou alguma(s) das seguintes situações, na verdade relativamente comuns no dia a dia corporativo:
- Um colega que há muito tempo ocupa o mesmo cargo na empresa tem a convicção (e tenta convencer os próprios colegas) que não há nenhuma espécie de futuro em trabalhar na companhia, apesar de não fazer nada para mudar.
- Um gerente que, logo depois de ter uma conversa tensa com seu superior, passa a agir de forma desagradável com seus subordinados, apontando defeitos em todo e qualquer trabalho.
- Aquele colaborador visivelmente pessimista, que acredita que toda promoção dada ou novidades profissionais nunca são fruto de trabalho, mas de uma sorte que ele (nem quem convive próximo a ele) não tem.
Todas essas pessoas citadas (e há infinitos exemplos) têm em comum a forma negativa de ver as situações. É como se houvesse uma cortina cinza em suas mentes, que faz sombra em todos os aspectos da vida. Essa cortina pode ser momentânea (como no exemplo do gerente) ou pode ser constante, ou seja, um padrão há muito estabelecido e difícil de mudar.
Usamos a metáfora da cortina escura, pois ela faz muito sentido da perspectiva da neurociência: quando cérebro esta sobrecarregado com emoções negativas, elas tendem a contagiar todos os pensamentos e percepções que temos sobre as pessoas, e mostramos isso com palavras e ações. Como se ficássemos habituados com o que há de pior e esperássemos por isso. Foi o que concluíram pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça. Eles realizaram um estudo no qual “doparam” o cérebro dos voluntários com emoções negativas – por exemplo, assistindo filmes de dor e de sofrimento. Os cientistas observaram, por meio de neuroimagens, que regiões do cérebro relacionadas à empatia (capacidade de compartilhar emoções de outra pessoa) paravam de reagir de forma saudável quando expostas a muita negatividade. Ou seja, era como se o cérebro ficasse anestesiado, acostumado a um padrão de emoções negativas.
Trazendo esses dados para nossa realidade, não é de se estranhar, portanto, que as pessoas dos exemplos que abriram este texto agissem daquelas maneiras, pois estavam sobrecarregadas de emoções negativas, mesmo que momentaneamente.
Entender a dinâmica de nossas emoções pode ser, portanto, um instrumento muito eficaz para reconhecermos esses padrões de negatividade que se instalam em nosso cérebro e nos das pessoas que nos rodeiam. Não temos dúvidas de que autoconhecimento e empatia serão habilidades altamente valorizadas nos próximos anos. Por isso já estamos trabalhando maneiras de aprimorá-las.
Excelente artigo!