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Você consegue contemplar a possibilidade de solicitar ao seu superior um período de férias remuneradas sem limite de dias para usufruir de um ano sabático, ou mesmo de um pequeno lapso na correria da rotina para exercer o ócio criativo? Na realidade brasileira isso soa como pura utopia. Nos Estados Unidos, porém, há colaboradores que efetivamente vivenciam essa realidade.

Não se trata de uma medida exclusiva para otimizar produtividade, mas sim um benefício gerado para reter colaboradores, mantendo-os satisfeitos, motivados e – pasmesedentos de vontade de voltar ao trabalho. Segundo reportagem publicada pela BBC Brasil, organizações de tecnologia norte-americanas e britânicas, como a Gradtouch, já implementaram a medida.

Todavia, qual seria a real extensão do impacto de tamanha flexibilização nesse tipo de política trabalhista? Siga a leitura para explorar alguns insights.

Férias remuneradas e sem prazo de validade: benefícios em potencial

Se você costuma tirar férias uma ou duas vezes por ano, muito provavelmente já percebeu que não existe um botão para simplesmente se “desligar” das atividades laborais, certo? Comumente, pelo menos os primeiros dias de férias são permeados por certa ansiedade. Os deveres, tarefas e prazos parecem ainda estar frescos na mente.

Isso não é mera percepção. Um excelente artigo publicado no Psychology Today explica que é extremamente difícil frear as conexões neurais que tendem a nos impulsionar a correr e prosperar diariamente no mercado de trabalho. Assim, não é incomum que muitas pessoas se percebam ansiosas por não conseguirem relaxar, como se relaxar exigisse esforço.

Retirar o prazo de validade das férias, sob esse viés, poderia ser um fator relevante para diminuir tal efeito ansiolítico e favorecer, finalmente, o estado de ócio criativo. Precisamente o que as companhias que estão apostando no recesso ilimitado é isso: ao relaxarem, os colaboradores voltam mais motivados!

Permitir que os trabalhadores tenham um período de afastamento do escritório, possam viajar, explorar novos horizontes ou até simplesmente tenham liberdade para não fazer nada por alguns dias estimula a criatividade. É válido mensurar que há, efetivamente, respaldo científico acerca de algumas dessas questões.

Um estudo publicado no Academy of Management Journal, a título de curiosidade, identificou que quando profissionais estão fora de seu país de origem têm propensão maior à criatividade. Naturalmente, porém, não podemos generalizar.

Vejamos, agora, o outro lado da moeda: quais seriam os impactos negativos de férias ilimitadas?

Férias remuneradas sem prazo: mas, e na prática?

Há, claro, alguns entraves às férias que não expiram. Empresas que já testaram o modelo, por exemplo, observaram que para determinados colaboradores essa possibilidade exacerbou ainda mais o sentimento de ansiedade. Afinal, a sensação conflitante entre a possibilidade de sair e o volume de demandas provoca diversos questionamentos.

Além disso, no sentido operacional, até agora é impossível dizer que o modelo funciona para todos os tipos de empresas. Os casos mais bem sucedidos ocorreram naquelas que já possuíam processos bem delimitados, organizados, com métricas claras. Algo que, consequentemente, já reduz o fator ansiolítico.

De uma forma ou de outra, isto é fato: frente a um contexto cada vez mais digital, o grande diferencial de uma companhia será o potencial humano de seus colaboradores – de modo que a saúde mental eventualmente entrará em pauta. Assim, modelos de trabalho e férias mais flexíveis poderão ser efetivamente testados e validados.

Por que não começar agora?

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