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O britânico Martin Conway, professor de psicologia cognitiva da City University of London, no Reino Unido, e diretor do Centro de Memória e Direito da mesma universidade, vem estudando há 40 anos a chamada “memória autobiográfica”.

Conway explica que “a memória não é um músculo. Aprender um instrumento musical, uma nova língua, uma nova área de conhecimento, tudo isso é bom. Vai te fazer mais inteligente e esperto. Pode ser bom para sua ‘memória de trabalho’, que é sua habilidade de brevemente manipular informação, mas não vai fazer sua memória melhorar. Vai fazer todo o conjunto funcionar bem”.

O pesquisador defende que o que realmente faz a diferença é o quanto nos socializamos no dia a dia. Segundo ele, quanto mais interagimos com o outro, melhor nosso cérebro trabalha.

Conheça-te a ti mesmo

O caminho do “Conheça-te a ti mesmo”, proposto há 2.500 anos, na Antiga Grécia, inclui necessariamente essa troca, que leva à uma reflexão sobre nós mesmos e sobre a qualidade de nossas relações. Quanto mais repensamos nossa conduta e nossas verdades, mais descobrimos sobre os elementos que compõem essa interessante peça, as personagens e o cenário no qual estamos inseridos.

Muitas empresas já perceberam o quão rico e estimulante pode ser um ambiente de convívio entre indivíduos que pensam e vivem de maneira distinta. Pensar “fora da caixa” nos impulsiona à inovação, aguça a imaginação e nos leva à busca de soluções e novas possibilidades.

Quanto maior a diversidade nas relações, melhor será o processo de autoconhecimento e essa socialização no trabalho pode nos levar também ao sentimento de pertencimento. Diferentes convivendo com diferentes, todos únicos e singulares em suas trajetórias.

No contato com o outro, entendemos mais sobre nós mesmos, nossas manifestações no meio, os pontos que ainda são sensíveis ou que demonstram imaturidade. O conflito, quando visto como desafio, nos faz crescer, ampliar nossos horizontes. Quando procuramos entender a razão do outro, dentro do escopo do outro, estimulamos a empatia e um entendimento maior sobre quem sou e onde estou.

No entanto, essa jornada nem sempre é tranquila. Por vezes, a realidade no mundo corporativo nos remete a uma corrida de obstáculos. Há que se lembrar, todavia, que mesmo em uma boa sinfonia, são os “acidentes” musicais e as pausas que trazem a vibração necessária para que a peça proporcione emoção e seja inesquecível.

A harmonia deve estar presente em quaisquer áreas de nossas vidas, incluindo logicamente o ambiente corporativo, que se assemelha a um organismo vivo. No corpo humano, da mesma forma, a harmonia entre as células determina o estado de saúde. Pesquisadores descobriram, por exemplo, que o sistema digestivo é o nosso “segundo cérebro”, onde transitam meio bilhão de neurônios e mais de 30 neurotransmissores, que podem interferir com o cérebro da cabeça, afetando seu comportamento e até seu caráter. Trilhões de bactérias compõem esse ambiente e são extremamente necessárias para que essa máquina funcione na sua totalidade. A natureza biológica nos ensina como a compreender a vida e por simples associação entender nossa dinâmica mental.

Como defende o professor Conway, o melhor que podemos fazer pela nossa mente e pela nossa memória é permanecermos engajados com nossos círculos sociais, amigos, familiares e colegas. Ele diz: “Socializando, você aprende coisas novas o tempo todo, aprende sobre pessoas, sobre si próprio. Socializar é um aprendizado gigante. E pessoas que permanecem dentro de seus grupos sociais sofrem menos declínio cognitivo, e isso inclui comprometer menos a memória (…) Manter todo o sistema mental vivo trará benefícios. Socializar é bom para a memória, para o pensamento e a imaginação. É bom para tudo”.

Fontes: BBC News Brasil e Revista Superinteressante

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