Charles Darwin, há 150 anos, fez uma anotação que pode ser a grande solução para a crise climática que enfrentamos hoje. Na verdade, a ideia dele é muito simples: plantar mais florestas. Basicamente, florestas mais saudáveis, com maior variedade de árvores, de diferentes idades, estabelecendo uma enorme diversidade de espécies. Essa composição estimula ecossistemas complementares, em relação às necessidades nutricionais, resistência a pragas e outros fatores. Diversidade de plantio, enfim.
Apesar de elementar, a proposta ainda encontra alguma resistência dos defensores dos métodos tradicionais, mesmo diante de tantos cases de sucesso, como o Norbury Park, na Inglaterra, que captura mais de 5 mil toneladas de dióxido de carbono por ano, usando as ideias de Darwin.
Mas por que é tão difícil aceitar o diferente?
DIVERSIDADE NA NOSSA NATUREZA
Diversidade é a palavra-chave desse pensamento do naturalista britânico, que defendia, há um século e meio, a mistura de espécies em um mesmo ecossistema.
Talvez possamos relacionar esse conceito com a vida corporativa, nas organizações. Muitos estudos, inclusive, vêm mostrando que quanto mais pessoas diferentes colocarmos juntos, no mesmo ambiente, mais diverso e rico serão os resultados desse conjunto.
Mas por que a diversidade é benéfica?
Da mesma forma que ocorre com as plantas, as espécies diferentes unem as suas virtudes em benefício do coletivo; elas se ajudam e aprendem umas com as outras. As mais velhas cuidam das mais novas, amparando o crescimento das mais frágeis. Da mesma maneira, podemos adotar essa conduta quando recebemos novos colegas de trabalho: dando orientações gerais, compartilhando as informações básicas para o bom convívio na empresa, permanecendo junto até que consiga se virar bem.
No ambiente corporativo, a complementaridade dos diferentes fica bem evidente e pesquisas mostram que ter contato com ideias discordantes das nossas se mostra muito saudável para o crescimento individual e coletivo. Todos ganham, já que todos crescem à medida que aprendem mais uns com os outros. Conviver com seres opostos também costuma treinar a paciência, a compreensão, a contemporização, estimulando a prática da gentileza, o poder de argumentação, o partilhar saberes.
Geralmente, do aprendizado de algo novo pode nascer uma amizade ou pelo menos possibilita que se fortaleça vínculos de relacionamento que harmonizam o ecossistema em que estão inseridos, promovendo novas competências e facilitando o autoconhecimento. Os ganhos individuais são projetados no êxito coletivo.
Osório Santos, no livro Acaso Premeditado, sinaliza sobre a importância dos vínculos na nossa natureza, mostrando que desde os seres vivos unicelulares até aqui é nítida a evolução afetiva, que permeia diferentes pontos da cadeia evolutiva. Os vínculos, se valendo do afeto, vão se tornando a principal estratégia da evolução para chegar a lugares mais complexos.
Muitas obras sobre liderança têm aprofundado o tema da diversidade e dos vínculos, porque é nítido seu papel na ligação entre os componentes dos times, unidos por uma ampla rede neural dentro do organismo empresarial.
Como está a diversidade na sua empresa?
Fontes:
SANTOS, Osório. Acaso premeditado: ensaio sobre a consciência e o mistério da vida.
BBC Brasil. “A anotação deixada por Charles Darwin há 150 anos que inspira mudanças no plantio de florestas”. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-59274076
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