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Mário Quintana, uma vez, escreveu: “O segredo é não correr atrás das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você”.

Sabedoria em forma de poesia

Essa máxima está longe de induzir a um caminho metafísico ou transcendental. O escritor gaúcho estava propondo algo como “Cuide da sua vida (da sua rua, do seu entorno, da sua carreira, do seu departamento) da melhor forma e os resultados aparecerão”.

Mas por que é tão difícil gerenciar a própria existência e parece ser tão fascinante policiar a vida do outro? Por que me distraio criticando o jardim do vizinho quando o meu pode estar cheio de pragas e ervas daninhas?

A ideia de Quintana, no poema Borboletas, era simples, como deve ser tudo que é genial: não deposite no outro suas angústias, temores, inseguranças, aflições. Nunca espere que te tragam o elixir da felicidade, transformem seu ferro em ouro. Faça sair de você aquilo que precisa. Construa o seu próprio castelo, contendo tudo aquilo que você acredita e defende.

Seja você mesmo!

Outro ponto para ampliar o conceito pode ser aquilo que admiramos nos gênios das artes, das ciências, da vida. Os seres que marcaram eras praticavam algo essencialmente importante: eles eram eles mesmos, com toda a sua singularidade. Não se colocavam como espelho do outro ou da sociedade; viram algo além da mesmice. Parece tão óbvio, mas não.

Hermógenes, um dos precursores do yoga no Brasil, falava em “normalismo”. “Deus me livre de ser normal”, dizia ele. E um militar de alta patente, em meio à tuberculose, que era mortal nos idos de 1960, começa a praticar yoga escondido e se recupera totalmente, aprofundando os conhecimentos da prática, em busca da ampliação dos seus horizontes.

Escrito para a vida pessoal de cada um, a reflexão de Quintana também serve para o mundo corporativo. É só analisarmos a intensa competitividade, os parâmetros e métricas dos tempos atuais, da disputa desenfreada entre equipes e empresas, do tom muitas vezes grotesco de algumas falas de gestores mais agressivos.

Plante suas próprias sementes!

Nas empresas, também podemos remeter vida profissional à metáfora do jardim, quando cultivamos relacionamentos saudáveis e novas conexões, semeamos boas ideias, fazemos crescer e frutificar projetos que favoreçam o todo e não só aquele pequeno canteiro ali.

Na busca do simples, damos um salto na direção da evolução do ser humano que vai além do paletó e do tailleur; humanos que realmente existem, sob a fachada de executivos e gestores. E perguntamos: Como está o seu jardim?


Borboletas
, de Mário Quintana

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa,
o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas,
assim como não estamos aqui, para satisfazer as delas.
Temos que nos bastar… nos bastar sempre e
quando procuramos estar com alguém,
temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos,
porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades,
mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa,
você precisa em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama)
e que não quer nada com você,
definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você,
e principalmente a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas
e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você!

Referência:
SANTOS, Osório. Acaso premeditado: ensaio sobre a consciência e o mistério da vida. 1.ed. São Paulo, SP: Ed. do autor, 2021. Disponível em https://amzn.to/3IdZ58M
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Sergey Shmidt on Unsplashbe

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