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Numa explicação não matemática, os algoritmos são seres invisíveis da era tecnológica, das redes cibernéticas, elementos criados pela inteligência artificial, que aprendem com nossos comportamentos e exploram interesses e desejos, oferecendo mais daquilo que nos atrai.

Pac-man?

Se você busca conteúdos agressivos e polarizados, os algoritmos oferecerão mais disso e alimentarão você com conteúdos em forma de vídeos, posts, conexões, enquanto você circula pela web e redes sociais.

Parece um pouco aquela ideia do Pac-man, personagem dos games dos anos 1980 que se alimentava incessantemente de micropontos dentro de um labirinto. E você faz o mesmo: circula entre os mesmos temas e discussões e se nutre deles, sem se expor a novos conceitos e opiniões. Você vira um Pac-man.

Inteligência fluida

Claro, é importante definir um norte, ter valores e princípios ― esse é o alicerce ―, mas a inteligência fluida necessita de componentes diversos para fazer novas conexões e inter-relacionar mundos e verdades. Até para que você possa estabelecer sua própria opinião e cabedal.

A inteligência fluida é a base da criatividade, que, no final, é o que ficará como ferramenta produtiva, já que os algoritmos farão todo o resto.

Vivemos uma importante transição, afinal. Os algoritmos já estão presentes em inúmeras funções, jogam xadrez com perfeição e, ao que tudo indica, realizarão todo e qualquer trabalho fundamentado em raciocínio lógico.

E a pergunta que fica é: O que fazer então?

A resposta rápida seria sair da internet e se isolar das redes e nuvens, mas você não aprenderia grande coisa com isso. Estaria deslocado, isolado num mundo analógico, que tende a coexistir com os microbits. A inteligência artificial, enfim, deve ser meio e não fim, em si.

O desafio, seja no analógico ou no digital, se impõe buscando uma solução, um desfecho. Fugir não faz desaparecer o iminente perigo! 

O mais difícil é o melhor mestre, diriam alguns. Foi assim, com aquele professor ranzinza, com quem você aprendeu tanto, lembra?

Mas qual é a melhor vacina?

A melhor vacina, aquela que vai oferecer anticorpos, a única defesa contra algoritmos, é o autoconhecimento. À medida que você se conhece melhor, mais forte se apresenta no meio, seja que meio for ― pessoal, profissional, relacionamentos em geral.

O autoconhecimento é um caminho para a inteligência fluida, pois se utiliza exatamente da subjetividade para ampliar seu escopo. Quanto mais você se conhece, melhor se expressa e se manifesta, apresentando toda sua singularidade, onde quer que vá.

Autorreconhecer-se é objetivo e ferramenta para a plenitude do ser, o que nos ajuda nas escolhas dos melhores caminhos, nas decisões de bom senso, na conduta exemplar ou até nos pequenos e grandes equívocos, professores ilustres na vida.

A realidade imposta pelos algoritmos mostra o quanto é urgente o cultivo da criatividade, dos talentos inatos, da singularidade.

O desafio agora é descobrir o “algo” que faz da vida essa potência, a matriz energética que anima, nos “dá alma”. Esse “algo” é uma essência inatingível à máquina. O simples contido em toda complexidade.

Referência:
SANTOS, Osório. Acaso premeditado: ensaio sobre a consciência e o mistério da vida. 1.ed. São Paulo, SP: Ed. do autor, 2021. Disponível em https://amzn.to/3IdZ58M

Photo by Markus Spiske on Unsplash

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