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Baseado na biografia de três personagens anônimas que foram decisivas para mudar a história da humanidade, o filme é uma bela lição sobre acreditar no próprio talento e no valor do trabalho em equipe.

Uma analogia ao mesmo tempo maravilhosa e angustiante da grandeza do Universo é o calendário cósmico, proposto pelo consagrado cientista Carl Sagan. É um modelo que representa a “história universal” em um ano – partindo do princípio que o Big Bang, a grande explosão que teria dado origem ao universo corresponde ao 0 segundo incial do dia 1 de janeiro. Tendo em mente esse caléndário, tente adivinhar em que mês a humanidade aparece na cronologia do universo? Apenas, dezembro, mais precisamente nos últimos segundos das 23h59 do dia 31.

Mais impressionante ainda é colocar uma lupa sobre a brevíssima história da humanidade (que é um pequeno sopro de tempo dentro da história universal) e analisar quando começou a surgir o que conhecemos como tecnologia de ponta. Veja o gráfico abaixo e observe que foi há menos de 50 anos atrás. E esse salto tecnológico é marcado pela primeira viagem do homem à lua nos anos 60. Uma viagem que simboliza o acúmulo de séculos de conhecimento científico.

Todo esse conhecimento acumulado foi desenvolvido por pessoas, a maioria delas anônimas para o grande o público, que dedicaram suas vidas a se debruçar sobre cálculos e teorias para vencer os desafios da gravidade e construir tecnologias que facilitam a vida e permitem atividades impensáveis para nossos ancestrais, como as viagens espaciais.

O filme Estrelas Além do Tempo é baseado na biografia de três personagens anônimas que foram decisivas para mudar a história da humanidade: Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, três mulheres negras que trabalharam na Nasa na época da corrida espacial, quando Estados Unidos e Rússia disputavam suas tecnologias de ponta. Chamadas de “computadoras”, elas atuaram em uma ala femina da organização, formada por mentes brilhantes responsáveis pelos cálculos matemáticos complexos e precisos que levariam em segurança Neil Armstrong e outros astronautas até a Lua.

Essas mulheres geniais eram com frequência confundidas com funcionárias da limpeza e tinham que despender o triplo de energia do que qualquer outro funcionário da NASA para defenderem suas teorias e conseguirem ser ouvidas pelos superiores.

Interessante notar que o título original do filme, baseado no livro homônimo da escritora Margot Lee Shetterly, é Hidden Figures: figuras escondidas. Uma menção tanto à atividade de base que desenvolviam, completamente fora dos holofotes reservados aos austronautas, quanto à situação social e profissional dessas mulheres – nos Estados Unidos ainda marcado pela segregação racial nos anos 60, elas trabalhavam em um setor separado dos homens e também das mulheres brancas. Não podiam usar os mesmos banheiros nem comiam na mesma mesa por serem pessoas “de cor”.

Várias cenas do filme mostram que essas mulheres geniais eram com frequência confundidas com funcionárias da limpeza e tinham que despender o triplo de energia do que qualquer outro funcionário da NASA para defenderem suas teorias e conseguirem ser ouvidas pelos superiores.  No reconhecimento das dificuldades em comum, essas mulheres decidiram trabalhar juntas e cosntruíram um projeto de valor não apenas pessoal, mas para toda a humanidade. No malabarismo de equilibrar a vida familiar, as humilhações cotidianas e a certeza de que o que faziam tinha sentido, elas transcederam limites pessoais e sociais.

Além da bela fotografia e roteiro emocionante, Estrelas além do tempo é uma lição sobre acreditar no próprio talento e no valor do trabalho em equipe. Um filme que fala sobre pessoas que trabalharam com afinco para transformar ideias profundamente abstratas em realizações – exemplo perfeito do que seria se engajar em uma causa maior.

Cronologia do crescimento acelerado de novas tecnologias.

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