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Em nosso trabalho de coaching, aprendemos a diagnosticar desconfortos, insatisfações e problemas como indícios de necessidade de adaptações, mas também aprendemos a olhar com certo ceticismo a noção de que é preciso passar por grandes rupturas para conseguir uma real mudança. Na verdade, essa é uma das crenças mais improdutivas que existem, pois ela sabota as possibilidades de investir em mudanças dentro do campo da realidade – que são, por sinal, as mais eficazes

Pelo mundo, fazem sucesso livros e palestrantes que exploram o tema “mudar de vida”. Na internet, não faltam histórias de pessoas “bem sucedidas”, que chegaram aonde quiseram depois que tomaram coragem de fazer uma grande ruptura em suas vidas, muitas vezes abrindo mão de uma carreira já estabelecida, de relacionamentos consolidados, de país etc. Ao ler e ouvir essas histórias, fica uma sensação incômoda de que, para que haja qualquer e real salto profissional e pessoal, é preciso tomar atitudes extremas, dar tiros no escuro, assumir riscos sem pensar em sua proporção… Além disso, esses relatos transmitem a falsa ideia de que qualquer desconforto na carreira, relacionamentos ou insatisfação com a vida sinaliza que estamos traçando o caminho errado. Sendo assim, muitos “pseudo-coach” surfam na onda da necessidade que as pessoas sentem de buscar propósito em suas vidas para se promover e criar demandas comerciais, como cursos que prometem acessar um “eu interior” em poucos dias ou prometem dar o caminho das pedras para atingir o sucesso de forma praticamente imediata.

Nada disso é real. Em nosso trabalho de coaching, aprendemos sim a diagnosticar desconfortos, insatisfações e problemas como indícios de necessidade de mudanças, mas também aprendemos a olhar com certo ceticismo, e mesmo preocupação, a noção, infelizmente tão disseminada na atualidade, de que é preciso investir em grandes rupturas para conseguir uma real mudança. Na verdade, essa noção é uma das crenças mais improdutivas que existem, pois ela sabota as possibilidades de investir em mudanças dentro do campo da realidade – que são, por sinal, as mais eficazes.

Vamos a um exemplo: um gestor em situações de conflito com seu superior enfrenta um grande desânimo em sua carreira; assim, vive encantado por relatos de pessoas que “jogaram tudo para o alto”: montaram seu negócio próprio, foram viver uma aventura em outra cidade, pediram demissão e hoje estão numa empresa onde tudo são flores, entre tantas ficções que existem no mundo corporativo. No entanto, absorvido por sua noção irrealista de mudança, o colaborador de nosso exemplo se sabota nas “pequenas” – que na verdade são um grande passo – atitudes que poderiam aprimorar seu caminho: observar comportamentos que poderiam ser mudados, investir numa melhora de comunicação com seu superior e colegas, recorrer a um programa responsável e consolidado de coaching, entre tantos exemplos.

Gostamos muito dessa palavra, “aprimoramento”, pois ela implica em trabalhar potenciais que estão presentes, que podem ser expressos por meio de direcionamentos e do aperfeiçoamento de alguns comportamentos. Acreditamos que assumir riscos é essencial, mas essa assunção deve ser feita dentro da responsabilidade, do autoconhecimento e do senso de realidade para que traga resultados produtivos. Muitas vezes, o olhar externo de um coach profissional é capaz de distinguir e de guiar para as adaptações que se fazem necessárias e, assim, encaminhar para uma mudança efetiva, dentro do escopo da realidade.

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