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São muitos os intervenientes que influenciam as ações das pessoas nas empresas, voltadas a possibilitar que as organizações consigam alcançar seus objetivos pretendidos. No cerne dessa teia de complexidade encontra-se a subjetividade humana, estreitamente relacionada ao modo como cada indivíduo percebe a si e o mundo ao seu redor e, em função disso, direciona sua tomada de decisões para esse mesmo mundo, objetivamente.

Assim, na perspectiva de lançar uma luz sobre a questão e estimular o debate, objetivo do nosso blog (difundir e compartilhar o conhecimento), transcrevemos o artigo a seguir.

Por Antonia Rodrigues de Souza

Na atualidade, ao lançar um olhar mais detalhado sobre a complexidade das relações travadas nos organismos empresariais, e seus reflexos nos resultados pretendidos pelas organizações, constata-se que o ponto nevrálgico, que demanda atenção especial em sua gestão, é o indivíduo e sua subjetividade.

É fato que são as pessoas que dão vida e dinâmica as organizações e que, em razão disso, todas as ações de idealização, programação, entre outras necessárias ao funcionamento corporativo, recaem sobre o pessoal que compõem esses organismos. Contudo, na prática empresarial, o desempenho satisfatório – ou não – dos recursos humanos está condicionado por situações e elementos diversos.

Desse modo, para criar uma correta conexão entre todos os fatores e recursos pelos quais as organizações são compostas, e buscar estabelecer estratégias que possibilite alcançar as metas e os objetivos pretendidos, demanda dos gestores conhecimento da natureza humana, sua complexidade e variabilidade, de modo a criar uma perfeita sintonia entre os considerados elementos-chave organizacionais, a saber: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente.

De acordo com alguns autores, a subjetividade está relacionada ao modo como cada indivíduo percebe a si e o mundo, pensa, reflete, age e interage com esse mundo, de forma objetiva. Essa peculiaridade individual desenvolve e processa a subjetividade humana. E, como consciência de si mesmo, permite ao indivíduo estabelecer uma relação sujeito-objeto, para em seguida abandonar esse caminho e buscar entender que o que ele pensa, sente e decide, compõem um só elemento.

Nessa direção, M.M.Amatuzzi (2006) afirma que “a subjetividadae é o âmago mais profundo da experiência, e não é possível apenas conhecê-la objetivamente”. Por outro lado, é preciso salientar que a subjetividade humana não é inata, e mesmo sendo componente do nosso universo interno, ela resulta do desenvolvimento pessoal decorrente da vivência humana, por intermédio do somatório de aprendizados.

Nesse processo de aprendizagem estão inclusos pensamentos, emoções conscientes e inconscientes, mais os sentimentos, assim como as transformações interiores, fruto da interação com o outro, responsável pelas reconsiderações sobre a maneira de enxergar o mundo e as atitudes diante de determinados fatos e até mesmo da própria vida, contributos elementares para a formação e consolidação da identidade individual.

Karl Marx (1965) assevera que “A produção de idéias, de representações, de consciência está, desde o início, diretamente entrelaçada com a atividade material dos homens, como a linguagem da vida real”. Logo, pela afirmação de Marx, pode-se inferir que a emanação direta do comportamento material humano se manifesta no representar, pensar e no intercâmbio espiritual entre os indivíduos.

Em razão do que foi explanado até aqui, fica evidente que no contexto organizacional não se deve, de forma arbitrária, buscar direcionar as respostas as provocações e as atitudes dos indivíduos, sem sustentar as decisões em bases comportadas pelos desejos, necessidades e expectativas da formação social organizacional – conjunto de personalidades individuais e coletivas.

O universo subjetivo humano é construído pela história de vida de cada um e não se constitui em etapas finitas, mas se estende no percurso de vivências e, assim conformado, se insere nos organismos empresariais através das pessoas que a eles se integram, levando consigo suas crenças, desempenhos e atitudes.

A atenção voltada para a interação humana nas organizações revela que o desempenho ideal das pessoas, ou próximo deste, demanda que a subjetividade seja tratada de forma a possibilitar a administração eficiente e equilibrada das emoções, sentimentos e linguagens, além de ver os conflitos e resistências como importantes, sem deixar de lado os aspectos informais da organização.

A crescente preocupação com as pessoas nas organizações tem colaborado para a tomada da consciência, e considerável elevação dos níveis da cultura e clima organizacionais, formados, em sua maior parte, por aspectos socioambientais dos indivíduos e da própria organização. Logo, voltar-se para as pessoas, de maneira mais atenta e interessada, não constitui algo distante dos desígnios empresariais, nem configura romantismo, mas trata-se de humanizar a percepção em torno do individuo na perspectiva de, ao buscar entender suas variáveis, emoções e sentimentos, alinhar os seus objetivos aos objetivos e estratégias organizacionais.

No percurso para a elaboração desse texto, foi possível perceber alguns aspectos relativos a interação indivíduo – e sua subjetividade – e organização que precisam ser discutidos e assimilados, para promover as transformações necessárias nessa relação simbiótica, existencial para as partes.

Em nenhum momento a pesquisa busca esgotar o assunto, objetiva apenas apontar um longo caminho a seguir, pois se sabe que considerar as pessoas como elemento principal e sustentáculo maior das demais variáveis organizacionais, permite ampliar o campo de estudo sobre a temática.

Portanto, lançar o desafio para que as organizações assumam postura mais pessoal e subjetiva ao lidar com os indivíduos, seu principal ativo, sugere que os gestores de pessoal devam focar seus esforços no sentido tornar essa convivência cordial e produtiva, possibilitando a ambos, empresa e indivíduo, a consecução de seus objetivos.

Por outro lado, é factual que não é tarefa simples, visto que é mais fácil estabelecer regras e ordens a serem cumpridas, que buscar o diálogo sem destruir a formalidade estrutural, essencial ao funcionamento das organizações. O que se sugere é conceber essa formalização a partir de uma realidade que comporte a compreensão e consciência de todos em relação à missão, visão e objetivos estratégicos desejados.

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