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A impressão de ser uma “fraude” é mais comum no meio corporativo do que se pensa. Ela afeta a autoestima e geralmente caracteriza aquele colaborador que desenvolve um trabalho exemplar, mas apresenta comportamentos que sinalizam dificuldades de liderança

Nos anos 1970, a doutora em psicologia Pauline Clance publicou um artigo no qual descrevia um padrão de comportamento que observou em seus estudos: pessoas consideradas bem-sucedidas pela sociedade, que desempenhavam funções importantes e almejadas por muitos, mas que se sentiam uma “farsa”, isto é, achavam que tudo que haviam conquistado não passava de acaso, de pura sorte. Pessoas que viviam com receio de serem desmascaradas a qualquer momento por outras que supostamente saberiam mais. Clance chamou esse fenômeno de síndrome do impostor.

Há mais de 30 anos, Clance pesquisa esse padrão de autopercepção e comportamento, principalmente no contexto organizacional. Segundo a pesquisadora, a impressão de ser uma “fraude” é mais comum no meio corporativo do que se pensa. Ela afeta a autoestima e geralmente caracteriza aquele colaborador que desenvolve um trabalho exemplar, mas apresenta comportamentos que sinalizam dificuldades de liderança, tais como: problemas em confiar nas próprias projeções de metas e prazos ou engajar pessoas em uma equipe, ou excesso de regras perfeccionistas que mais prejudicam que favorecem o andamento dos projetos.

A pessoa que se acha uma fraude tende a acreditar que elogios sobre sua performance nunca são sinceros e a relembrar mais do que poderia ter feito melhor do que de seus sucessos. Muitas vezes guarda para si quando recebe um prêmio ou uma promoção e acredita que “caiu de paraquedas” numa boa universidade ou empresa, não reconhecendo sua competência. Segundo Clance, o interesse em pesquisar esse padrão de pensamento surgiu da própria experiência, que ela descreve de forma interessante. “Experimentei esses sentimentos na pós-graduação. Antes de um exame importante, lembrava-me mais de tudo o que não sabia do que do havia preparado e estudado para apresentar”.

Clance desenvolveu uma escala, para uso pessoal, para que as pessoas identificar em si traços da síndrome do impostor e refletir sobre. O questionário está disponível on-line (em inglês) e leva apenas alguns minutos: paulineroseclance.com/pdf/IPTestandscoring.pdf.

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