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Em um mundo cada vez mais automatizado, ter imaginação torna-se um ativo precioso

Um mito comum sobre a criatividade é que ela é uma espécie de “dom”, exclusiva para poucos. Nada mais errôneo. Todos somos criativos em vários momentos da vida. Algumas pessoas, porém, conseguem instrumentalizar a criatividade, isto é, acessá-la de forma mais constante, fazendo dela um aspecto decisivo de sua personalidade e de seu trabalho.

De acordo com a neurociência cognitiva, o que conhecemos como insight – uma ótima ideia que parece surgir repentinamente – é fruto de muito conhecimento acumulado, trabalho e, principalmente, tentativas e erros. Em outras palavras, o insight é um jeito de pensar diferente sobre algo em que estamos trabalhando a um tempo considerável. Tem pouco de inspiração e muito de transpiração.

“Muitas vezes, as criações pelas quais essas pessoas são reconhecidas foram na verdade seus planos B.”

O livro Pense como um artista (Zahar, 2015), de Will Gompertz, mostra como a criatividade está acessível, com um pouco de esforço, a todos nós. Ele se aprofunda na biografia de vários artistas e pessoas bem-sucedidas para mostrar que suas trajetórias são na realidade pouco ou nada lineares e que, muitas vezes, as criações pelas quais essas pessoas são reconhecidas foram na verdade seus planos B. Isso mesmo: essas ideias geniais foram executadas para aproveitar alguma oportunidade que surgiu ou para remediar algum grande “sonho” que deu errado. Foi o que aconteceu com o pintor Mondrian, por exemplo, que ficou famoso pelos quadros geométricos na meia-idade, depois de insistir em pintar paisagens por anos.

Outro exemplo gritante, citado pelo autor, é o ícone da publicidade David Ogilvy. Antes de empreender, trabalhou como agricultor, vendedor de porta em porta, cozinheiro e caseiro. Ele afirmou categoricamente que, ao abrir sua agência, colocou em prática conhecimentos que adquiriu nas experiências anteriores, como organização de processos, inciativa e atenção para mudar de estratégia quando a atual não está funcionando.

“Desde que você persista no que está fazendo, refazendo constantemente o ciclo de experimentação, avaliação e correção, o mais provável é que chegará o momento em que tudo vai se encaixar e fazer sentido”, escreve Gompertz.

Em um mundo cada vez mais automatizado, a imaginação torna-se um ativo precioso. Saber readequar processos está se tornando mais valioso que meramente saber desempenhá-los.

Como podemos, então, abrir mais espaço para a criatividade? Trocar ideias (mesmo com quem você acredita que não teria muito a contribuir, você pode ter surpresas), buscar enxergar situações de outros ângulos, expor-se a novas experiências pode ser um bom começo. A expressão “pensar fora da caixa” é uma ótima metáfora para a criatividade: significa baixar a guarda do autocontrole e aplicar seus conhecimentos de maneiras não usuais.

Mas a base desse conhecimento é universal e esta dentro de cada um de nós, é singular, como tudo que nos envolve. O auto conhecimento é o caminho mais curto que dispomos.

Que tal tentar?

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