O papel das “árvores mãe”
A floresta pode ser uma grande inspiração para a cultura empresarial. Raízes de plantas estão interligadas, em comunicação constante – no centro, as árvores maiores e mais antigas, responsáveis por transmitir conhecimentos imprescindíveis à sobrevivência.
Você já pensou no que há por baixo das florestas? No solo, sob as árvores? A ecologista Suzanne Simard pesquisou como espécies de plantas se desenvolviam compartilhando um mesmo solo e fez uma surpreendente descoberta – existe uma verdadeira e complexa rede de comunicação subterrânea entre raízes de plantas e fungos do solo trocando informações a todo tempo sobre o que necessitam e o que podem compartilhar – internet, no sentido mais literal.
O mais interessante é que as árvores mais antigas, “árvores mãe” na definição de Suzanne, orquestram esse processo. São o centro da rede, pois são as que possuem mais ligações, construídas ao longo de seu tempo de vida. Elas transferem, através das micorrizas – o conjunto de raízes e fungos interligados – carbono e outras substâncias para as plantas mais jovens, ajudando em sua adaptação e sobrevivência ao ambiente hostil. E mais: quando prestes a morrer, essas árvores transmitem sua “sabedoria” às plantas do entorno, isto é, enviam maiores doses de carbono, deixando suas descendentes mais fortalecidas diante das intempéries. Em resumo, nenhuma árvore é independente na floresta, todas fazem parte de um grande organismo vivo, dependendo do todo para sua sobrevivência e também contribuindo, cada uma em uma proporção, para a manutenção do todo.
Vamos comparar o organismo floresta ao organismo empresa. Como as “árvores mães”, isto é, os executivos e diretores, teoricamente os mais experientes, estão transmitido sua sabedoria? Como os seus subordinados, que se alimentam mais da rede, estão aproveitando essas informações? A floresta pode ser uma grande inspiração para a cultura empresarial. Tudo parte da consciência de que, mais uma vez usando as palavras de Suzanne, árvores “competem e cooperam ao mesmo tempo”, isso é natural. No entanto, abraçar apenas a competição pode ser fatal. O que seria de uma árvore mãe que deixa de transmitir sua sabedoria, seu carbono? Seria uma resposta ingênua dizer que sobreviveria e se manteria autossuficiente – em pouco tempo, as redes de raízes do entorno se vinculariam a outra árvore disposta a transferir conhecimento. Sem raízes no entorno, a grande árvore, aparentemente autossuficiente, perde a razão de existir – e, na natureza, tudo tem uma função….
Pense na sua trajetória, você se lembra de “árvores mãe” que te inspiraram, ofereceram informações valiosas, compartilharam experiências? Se você está na posição de uma árvore mãe, como está atuando? Oferece feedback, divide conhecimentos, enxerga sua floresta empresarial como um organismo que precisa de esforço conjunto para sobreviver às eventuais hostilidades do clima (vulgo crises)? Enfim, qual legado você pretende deixar para sua empresa?