A estrutura psíquica intolerante ao erro é profunda, construída inconscientemente desde a infância. Aprendemos a nos envergonhar desde cedo quando não agimos de acordo com as expectativas – nossas e as alheias. Seguindo esse padrão na vida adulta, optamos geralmente pelo que conhecemos como seguro: os mesmos modos de pensar e agir
Erro vem do latim errare. Que significa, literalmente errar, testar caminhos, buscar o rumo certo, experimentar. Na ciência, usa-se com frequência o termo “experimento”, isto é, testar hipóteses – o conhecimento, por definição, só é construído a partir de experiências.
Vivemos, porém, em uma cultura que pouco valoriza o erro, centrada apenas no resultado e em acertos. Isso se vê com frequência no ambiente organizacional. Fala-se muito em criatividade e no poder da inovação, mas a maioria dos contextos corporativos é punitivo em relação ao erro. O fantasma da demissão, da competição, da falha muitas vezes paralisa os colaboradores mais cheios de potenciais.
A estrutura psíquica intolerante ao erro é profunda, construída inconscientemente desde a infância. Aprendemos a nos envergonhar desde cedo quando não agimos de acordo com as expectativas – nossas e as alheias. Seguindo esse padrão na vida adulta, optamos geralmente pelo que conhecemos como seguro – os mesmos modos de pensar e agir.
Acontece que a vida é imprevisível. Mas criamos falsas ilusões de proteção e pertencimento – o erro está aí para provar que planejar tudo é impossível, mas que é perfeitamente possível criar novos contextos a partir das experiências que adquirimos com o que não dá, à primeira vista, certo.
Winston Churchill definiu o sucesso como a “capacidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”. Nossa capacidade de aprender é, como a ciência comprova, permanente: nosso cérebro cria novas células e novas redes neurais durante toda a vida e, quanto mais exercitado, mais conexões faz, mais potencial desenvolve. Acontece que não raro sucumbimos à mais primária das emoções: o medo. Essa emoção é essencial para nossa sobrevivência, no sentido de nos ajudar a testar limites. No entanto, em excesso é literalmente tóxica: o estresse induzido pela ansiedade (que essencialmente está baseada no medo) mata células. Cabe a nós, porém, lançar mão da racionalidade para entender as emoções que embaralham nossa visão mais clara sobre o real valor e consequência dos erros. Que lugar você dá para o erro em sua vida? Para e pense: suas experiências mais valiosas vieram do conforto e da certeza ou de contextos em que você teve que lidar com o desconhecido e se superar?