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Os que conseguem viver e desempenhar trabalhos em toda sua originalidade, são aqueles que se olham com coragem e não deixam que suas imperfeições borrem seus óculos para que vejam o potencial do que têm a dizer ou a fazer

Um dos nossos últimos textos do blog foi sobre a série Merlí, disponível no Netflix, que fala sobre um professor de Filosofia que conquista seus alunos do Ensino Médio com suas aulas nas quais provoca profundas reflexões sobre a vida e seu papel pessoal no mundo. Gostaríamos de explorar mais esse personagem, pois seu carisma e efeito sobre aqueles que o cercam reside justamente na sua originalidade – humano, imperfeito e verdadeiro, Merlí transparece uma autenticidade impossível se ser ignorada, que faz sua inteligência sem afetações brilhar e cativar pessoas.

Vivemos em um mundo de exaltação falsa autenticidade, travestida de perfeição. Explico: a maioria das pessoas se espelha em modelos do que ela acredita ser uma pessoa de sucesso. Faço aqui uma ressalva – obviamente todos temos quem nos inspire, pessoas a quem admiramos. Isso é natural e necessário. A questão é que a fórmula serve para pensar sobre o que queremos para nós, não para nos fazer encaixar. Cada pessoa combina qualidades e defeitos em uma receita única, é ingenuidade extrema você enxergar perfeição em outra pessoa e querer se desenvolver dentro desse modelo.

Os “vencedores”, que aqui me refiro como pessoas que conseguem viver e desempenhar trabalhos em toda sua originalidade, são aqueles que se olham com coragem e não deixam que suas imperfeições borrem seus óculos para que vejam o potencial do que têm a dizer ou a fazer.

Você certamente já ouviu a frase “tornar-se a melhor versão de si mesmo”. Acho-a muito interessante. Porque ela traz a ideia de se trabalhar sobre parâmetros próprios. Isso parece simples, mas apenas na aparência. Quase todos temos a tendência de nos moldar ao que acreditamos que o mundo valorizaria, dentro de padrões já estabelecidos, sendo que o mais sensato – e até um sinal de sabedoria e verdadeira humildade, eu diria – seria refletir sobre como podemos contribuir para o mundo em nossa própria individualidade. Pois é fato que cada pessoa tem sua combinação muito especifica de potenciais. Merlí tem vários defeitos, mas é um bem-sucedido em seu propósito de vida e desempenha com louvor a missão de ajudar jovens a pensar sobre sua missão no mundo.

Um trabalho sério e profundo de coaching é feito por um profissional que, antes de tudo, passou por essa jornada ele mesmo e vive em constante aperfeiçoamento na missão de ajudar as pessoas a identificar o que as impede de desempenhar seu potencial pleno e trabalhar meios de expressá-lo.  Muitas vezes esse trabalho é feito com uma equipe, veja que interessante: um grupo, uma empresa, como um organismo individual e vivo, também é capaz de se superar em suas imperfeições e encontrar sua autenticidade.

Vivemos uma era de completa transformação no mundo do trabalho e das relações. Ficou para trás a noção de que um “cargo” ou uma “função” traz a definição segura das capacidades e das atitudes que o mundo espera de você. No século 21, estamos lidando com a realidade de oportunidades de trabalho criadas em resposta às habilidades das pessoas. Basta pesquisar as empresas de tecnologia de ponta para verificar o que estou dizendo, a liberdade para o erro é em grande escala o medida do sucesso. Quem é livre para errar valoriza o erro do outro como fonte criativa.

O mundo não é dos perfeitos, é dos autênticos. E à autenticidade, afirmo, não se chega sem autoconhecimento.

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