Nosso cérebro passa a apresentar atividade eletrofisiológica semelhante à de pessoas com as quais convivemos intensamente, de familiares a colegas de trabalho. Elas influenciam de forma crucial a maneira como vemos a vida e nosso empenho em projetos
“Diga-me com quem andas e te direi quem és”, diz a sabedoria popular há séculos. Agora, pesquisas de ponta da neurociência sugerem respaldo científico para o ditado, mostrando que pessoas com as quais temos convivência mais próxima, desde cônjuges até colegas de trabalho, influenciam de forma crucial a maneira como vemos a vida e nosso empenho em projetos.
Entre essas pesquisas, estão os trabalhos do neurocientista Moran Cerf, professor de neurociência e business da Universidade de Northwestern, que estuda o que ele chama de alinhamento cerebral: quando nosso cérebro passa a apresentar atividade eletrofisiológica semelhante à de pessoas com as quais convivemos intensamente. Isso acontece, por exemplo, quando duas pessoas estão assistindo a um mesmo filme ou tendo uma conversa.
Sabe aquela sensação de alta identificação quando você troca ideias com um grande amigo ou colega de trabalho que pensa de forma parecida com você? Provavelmente as ondas cerebrais de vocês dois estão em sincronia, isto é, mostrando padrões elétricos parecidos. Cerf observou em seus estudos que pessoas que passam duas semanas vendo os mesmos filmes, lendo os mesmos livros e conversando entre si, começam a mostrar padrões cada vez mais parecidos de linguagem, de emoções e de ponto de vista. “As pessoas mais próximas a você têm um impacto na maneira como você se relaciona com a realidade maior do que se pode perceber ou explicar. E uma das consequências disso é se tornar parecido com essas pessoas”, disse o neurocientista em entrevista para a BBC.
Vamos agora trazer esse conhecimento para o mundo corporativo. A cultura organizacional de uma empresa impacta um colaborador para muito além do que se imagina: as pessoas e os pensamentos com que ele entra em contato todos os dias influem em seu próprio jeito de ser e de pensar. Por isso a importância de um ambiente que incentive o crescimento, a troca de ideias e a inovação.
Nossos cérebros funcionam como “esponjas” que captam tudo que se passa no ambiente – nesse sentido, procurar cercar-se de pessoas que têm padrões mais produtivos de pensamento é essencial para nossa saúde emocional e prosperidade profissional.
Nesse sentido, Cerf sugere que é interessante atentarmos para a maneira como as pessoas a nosso redor se expressam: existem pessoas que buscam extrair o que há de positivo em suas experiências de vida e profissionais, isso se reflete em suas conversas e trocas de ideias. Outras pessoas, por outro lado, tendem a assumir uma postura negativista, de vítima, que se revela em narrativas de perspectiva muito negativa.
Obviamente, a convivência de longo prazo é muito mais produtiva com pessoas que buscam ressignificar positivamente suas experiências. Com elas podemos aprender novas formas de interpretar a realidade. “É difícil começar a reinterpretar a realidade de uma determinada maneira quando você nunca fez isso antes. A ferramenta mais eficaz é rodear-se de pessoas que possuem essa habilidade”, afirma o neurocientista para a BBC. “É algo que vai ocorrer naturalmente, não é preciso fazer conscientemente. Essa é a vantagem do alinhamento cerebral.”
E você? Com quais pessoas esta escolhendo conviver e crescer ?